18/07/2023 às 14h06min - Atualizada em 18/07/2023 às 14h06min

Mudanças no setor de crédito

Jullian Santos
Neste ano, a crise no setor de crédito privado continua a perder força, porem obteve uma queda de até 66% no patrimônio dos fundos de crédito, de acordo com uma pesquisa do Valor com base nos dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) .

Crise de crédito
Desde 2021, devido ao aumento da taxa Selic, temos observado investidores interessados em ativos vinculados ao CDI. Especialmente em 2023, com o incidente envolvendo a Lojas Americanas afetando esse mercado, a adição dos spreads de crédito causou um grande impacto na performance até então constante dessa indústria. Com a queda de desempenho nessa época, presenciamos uma mudança significativa no comportamento do investidor. Anteriormente a meados de janeiro (antes do ocorrido com a Americanas), a indústria recebeu em média R$ 600 milhões (para fundos de resgate entre 0 e 15 dias). A partir daquele momento, a dinâmica mudou completamente, chegando a uma média de resgates diários de R$ 500 milhões. Passados esses meses, temos notado um sinal mais forte de estabilizar nos resgates, aproximando-se de uma média diária de R$ 20 milhões. Isso resulta em uma redução da pressão vendedora e estabilização dos spreads de crédito, o que é crucial para o próximo passo. Atualmente, os fundos de crédito podem ser considerados como o "patinho feio", mas podem ter boas perspectivas no futuro. Isso precisa ser levado em consideração.

Emissões bancárias
Em contraste com o que observamos no mercado de fundos de crédito, notamos uma forte captação em produtos bancários (LCI, LCA, CDBs). O que justifica isso? O ponto em comum com os fundos de crédito são as altas taxas de juros, que atraem investidores para essa classe de ativos. Considerando os problemas de crédito que ocorreram nos fundos e afastaram os investidores, acredito que a combinação da ausência de volatilidade desses ativos, juntamente com a maior facilidade de compreensão do produto, contribui significativamente para o sucesso da classe bancária.
A única questão que os investidores devem considerar é que, em muitos casos, há um risco relevante de reinvestimento. Quando os rendimentos dessas aplicações forem recebidos, os preços dos ativos em outros mercados serão diferentes. É necessário refletir sobre isso. 

Fundos de ações
O mercado tem acompanhado de perto os fundos de ações, devido ao rali da bolsa nas últimas semanas. A primeira valorização já ocorreu e saímos do patamar de preços extremamente baixos. O cenário macroeconômico relativamente favorável impulsionou a bolsa brasileira em quase 20%. A partir de agora, é necessário obter novos recursos para avançar ainda mais. A vantagem é que ainda há muito espaço para isso. Por outro lado, os fundos multimercados mantinham alocações baixas em bolsa, mesmo após as altas. Os investidores estrangeiros possuem posições mínimas em comparação aos padrões históricos, e os investidores individuais ainda estão vinculados ao CDI por meio de produtos bancários, CRIs e CRAs. Com o tempo, se a taxa Selic começar a cair de fato, é bastante provável que isso atraia fluxo para essa classe.
Em resumo, temos ventos favoráveis, mas é necessário um trabalho mais árduo daqui para frente. Não é a mesma oportunidade que vimos há três meses.
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