Com duas horas de atraso, o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, iniciou, pouco depois das 19h, o seu aguardado anúncio das primeiras medidas econômicas do governo do novo presidente do país, Javier Milei.
Ele elencou nove medidas para, principalmente, cortar gastos públicos e reter dólares . E apresentou uma décima, de caráter social, admitindo que a situação socioeconômica no país, no primeiro momento, vai se agravar, inclusive com aumento da inflação, que já supera 140% em 12 meses.
A décima medida, afirmou o ministro, é o aumento de benefícios sociais, como duplicar um benefício por filho para famílias mais pobres, e aumento de 50% na chamada Tarjeta Alimentar, um cartão alimentar que tem uma função parecida à do Bolsa Família no Brasil.
Entre as outras ações estão a redução de subsídios a serviços públicos, como energia e transporte, e de transferências de dinheiro do governo federal aos governos das províncias. Ele afirmou que não vai licitar nenhuma obra pública e vai cancelar as licitadas não iniciadas. Afirmou que obras serão tocadas pela iniciativa privada.
Ele disse ainda que o câmbio oficial será de 800 pesos por dólar. Isso significa maior desavalorização do peso, da ordem de 54%. O montante de pesos necessários para comprar um dólar, oficialmente, subiu 118%, considerando que o câmbio oficial estava em torno de 366 pesos ontem, quando foi decretado o feriado cambial de hoje. No entanto, nas ruas argentinas, o câmbio paralelo terminou o dia com o dólar cotado a mais de 1 mil pesos.
Essa desvalorização oficial do peso será acompanhada por um aumento temporário no imposto de importação do país e no imposto retido na fonte sobre exportações não agrícolas:
No vídeo, Caputo dedicou os dez primeiros minutos a explicar que o principal problema da economia argentina é o desequilíbrio das contas públicas e a dificuldade de financiar o grande déficit fiscal.
Ele afirmou que, em 123 anos, a Argentina teve déficit fiscal em 113 anos. E disse que a inflação, sentida pelas pessoas no cotidiano, é apenas "a consequência" do problema final. E diz que a solução é acabar com o que chamou de "vício em déficit fiscal". Ele frisou que rolar dívidas não é a saída.
"Se a solução fosse reestruturar a dívida, (e nós) já fizemos nove vezes. Hoje seríamos a Suíça.
Caputo repetiu que o impacto inicial das medidas para os argentinos será duro, mas afirmou que fazer o ajuste para atacar a origem dos problemas econômicos do país é necessário:
O anúncio das primeiras medidas econômicas do governo Javier Milei, marcado para as 17h, atrasou cerca de duas horas. Segundo o jornal Ambito Financiero, o ministro Luis Caputo, teve que regravar a mensagem.
O economista Luis “Toto” Caputo, de 58 anos e escolhido por Javier Milei para comandar o Ministério da Economia, foi presidente do Banco Central e ministro das Finanças do governo do ex-presidente Mauricio Macri, com quem estudou no colégio de elite Cardenal Newman, em Buenos Aires.
Formado em economia pela Universidade de Buenos Aires, também é primo-irmão de Nicolás Caputo, empresário da construção civil e um dos melhores amigos do ex-presidente.
No governo Macri, Caputo assumiu a secretaria de Finanças em dezembro de 2015. Ele foi um dos defensores da divisão em dois do então ministério da Economia. Este foi desmembrado em uma pasta da Fazenda e uma de Finanças.
Caputo assumiu a segunda em 2017. No ano seguinte, foi para o Banco Central, mas ficou apenas três meses no posto.
Caputo liderou o retorno do país aos mercados internacionais e assegurou financiamento externo à Argentina, após o calote herdado do governo de Cristina Kirchner.
O feito lhe assegurou o apelido de "Messi das finanças". Alguns de seus ex-subordinados juram que era um apelido que ele mesmo se atribuiu.