O Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, opera em alta nesta terça-feira (7), enquanto investidores repercutem a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta manhã. O dólar registra queda.
Às 12h, o dólar operava em queda de 0,45%, cotado a R$ 4,8654.
Na véspera, a moeda norte-americana encerrou a sessão com um recuo de 0,16%, cotado a R$ 4,8873, no menor patamar em mais de um mês. Com o resultado, passou a acumular perdas de:
No mesmo horário, o Ibovespa havia virado o sinal de abertura e operava em alta de 0,52%, aos 119.048 pontos.
No dia anterior, o índice teve alta de 0,23%, aos 118.431 pontos. Com o resultado, passou a acumular altas de:
O destaque desta terça-feira é a ata da última reunião do Copom, em que o mercado esperava sinalizações do Banco Central sobre o rumo da Selic.
O BC diz que aumentou a incerteza sobre as contas públicas diante da discussão recente sobre a mudança da meta fixada para o ano de 2024, de déficit zero. E acrescentou que o debate já vem pressionando as taxas de juros futuras, que servem de base para os empréstimos bancários.
"O Comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco", avaliou o
Copom
A instituição reafirmou também a importância da "firme persecução" das metas das metas fiscais já estabelecidas para a "ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária [definição dos juros para conter a inflação]". A explicação é que, se o governo gastar mais, isso pode pressionar a inflação.
A instituição também acrescentou que o "esmorecimento" (desânimo, abandono) no esforço de reformas estruturais e, também, da disciplina fiscal, ou seja, relativa às contas públicas, em conjunto com outros fatores, têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia.
Na última reunião, o Copom fez um novo corte da taxa básica brasileira (Selic) de 0,50 ponto percentual (p.p.), para 12,25% ao ano. Foi o terceiro corte consecutivo promovido pela autoridade monetária.
Quanto mais baixos os juros estiverem no país, maior tende a ser o apetite por risco no mercado. Assim, investidores tendem a vender seus títulos de renda fixa e comprar ações, por exemplo, impulsionando a bolsa brasileira para cima.
Os agentes seguem monitorando uma possível mudança na meta fiscal de 2024. Na última sexta-feira (3), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender que o governo faça investimentos e disse que "dinheiro bom é dinheiro transformado em obra".
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defende a meta de zerar o déficit das contas públicas em 2024. Já a ala política do governo defende uma meta com déficit de até 0,5%, para evitar corte de gastos em ano de eleições municipais. O próprio presidente já afirmou que a meta de déficit zero "dificilmente" será alcançada no ano que vem.
Ainda no Brasil, destaque para os números de endividamento e inadimplência, que caíram na leitura de outubro da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A parcela de endividados ficou em 76,9% no mês, a mais baixa desde fevereiro de 2022 e menor do que a de outubro do ano passado (79,2%). No caso da inadimplência, o percentual ficou em 29,7%, inferior à parcela de setembro (30,2%) e à de outubro do ano passado (30,3%).
Por sua vez, a parcela de inadimplentes sem condição de quitar seus débitos foi de 13%, igual à de setembro, mas superior à de outubro do ano passado (10,6%). Mas para confederação, por seguir estável entre setembro e outubro, isso demonstra que as reduções das taxas de juros e as renegociações de dívidas começam a surtir efeito.
Nos Estados Unidos, os mercados operam com pouca variação nesta terça-feira, em meio a um menor otimismo em relação a possíveis cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve no próximo ano e com os investidores na expectativa por mais comentários de autoridades do banco central dos Estados Unidos.
Nesta terça-feira, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que o órgão fez avanços significativos para levar a inflação nos Estados Unidos de volta à meta de 2% e, se isso continuar, as atenções se voltarão para a questão de por quanto tempo manter a taxa de juros nos níveis atuais.
"Nos próximos dois meses, poderemos igualar a queda mais rápida da inflação no último século", disse Goolsbee em uma entrevista à emissora CNBC. "Portanto, estamos progredindo na taxa de inflação.
"E, enquanto estivermos progredindo, como venho dizendo há algum tempo, o momento de discutir até que ponto a taxa deve subir vai desaparecer e se transformar em até quando devemos manter os juros nesse nível, já que a inflação está caindo."