26/08/2024 às 21h23min - Atualizada em 26/08/2024 às 21h23min

Crise de Representatividade: Um Reflexo da Corrupção Sistêmica e o poder do Voto

Jullian Santos

Jullian Santos

Jullian Santos Assessor de Investimentos, Empresário. CEO da J Santos Investimentos

 

Desde a redemocratização na década de 1980, o Brasil tem operado sob uma democracia representativa, onde o poder é delegado a políticos eleitos pela população. No entanto, essa forma de governo tem sido cada vez mais comprometida por escândalos de corrupção que corroem a confiança pública e geram uma crise de representatividade. Essa crise, além de ser um fenômeno global, está especialmente evidente no Brasil, onde a população esta lentamente percebendo as limitações do modelo político atual, impulsionado pelo populismo e centralização do poder.

A transição da Ditadura Militar para a democracia trouxe grandes expectativas, com movimentos como as Diretas Já clamando pelo voto democrático. No entanto, esse período também inaugurou uma nova era de desafios, marcada pela ascensão de práticas clientelistas e populistas. O Partido dos Trabalhadores (PT), que se destacou como uma força política emergente, tornou-se sinônimo de tais práticas. Um dos marcos desse problema foi o escândalo do Mensalão em 2005, seguido pela Operação Lava Jato em 2014, que expôs a profundidade da corrupção sistémica, envolvendo desvios bilionários em empresas estatais, como a Petrobras.

Essas investigações, conduzidas pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal, resultaram em condenações significativas, incluindo a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. A combinação desses fatores gerou uma desilusão generalizada com os políticos tradicionais e uma crescente percepção de que o modelo político baseado em populismo e centralização do poder não é mais sustentável.

Essa desilusão gerou uma crise de representatividade no Brasil, que tem levado a discussões sobre a necessidade de uma reforma politica que limite o poder estatal e promova um ambiente mais favorável ao empreendedorismo. Países que seguiram esse caminho, como a Estônia e a Nova Zelândia, têm mostrado como a redução do tamanho do Estado pode criar condições propícias para o desenvolvimento econômico. Esses países adotaram políticas que favorecem a liberdade econômica, simplificação tributária, e um ambiente de negócios mais competitivo, permitindo que seus cidadãos prosperem.

A Estônia, por exemplo, após se libertar do domínio soviético, embarcou em uma série de reformas económicas que incluíram a implementação de um sistema tributário simples e a desregulamentação de diversos setores. Como resultado, o país se tornou um dos mais digitalmente avançados do mundo, com uma economia que cresceu significativamente nas últimas duas décadas. Nova Zelândia, por sua vez, adotou uma série de reformas econômicas nos anos 1980, que incluíram a liberalização do mercado de trabalho e a privatização de várias empresas estatais, transformando o país em um exemplo de como um Estado enxuto pode impulsionar o crescimento econômico.

A crescente conscientização sobre a necessidade de reformas também se reflete na entrada de empresários na política. No Brasil, figuras como João Doria e Romeu Zema demonstraram como a experiência empresarial pode ser aplicada à administração pública, trazendo eficiência e resultados práticos. Outro exemplo é Pablo Marçal, que em 2022, se candidatou à presidência da república pelo PROS, buscando aplicar suas ideias de empreendedorismo e desenvolvimento pessoal na política. Embora sua candidatura não tenha avançado, ela reflete a insatisfação com o sistema político tradicional e a busca por novas alternativas.

No cenário internacional, Donald Trump nos Estados Unidos e Mauricio Macri na Argentina são exemplos de empresários que entraram na política com a promessa de aplicar suas habilidades de gestão empresarial na governança pública. Ambos enfrentaram desafios significativos, mas sua eleição reflete uma tendência global de rejeição aos políticos tradicionais e uma busca por líderes que possam trazer uma nova abordagem à administração pública.

A crise de representatividade e a insatisfação com a velha política têm gerado uma conscientização crescente sobre o poder do voto como ferramenta de transformação. Para que o Brasil supere essa crise, é essencial que a população compreenda que o voto é o principal instrumento para promover a mudança. O mesmo direito ao voto que foi usado para eleger políticos envolvidos em escândalos de corrupção também pode ser utilizado para destituí-los e abrir caminho para uma nova geração de líderes comprometidos com a transparência, eficiência e o desenvolvimento sustentável do país.

A decisão de qual cidadão irá representá-lo nas próximas eleições é sua, mas ela começa com sua participação nos debates, pesquisando sobre as propostas e sobre o histórico do seu candidato para ter um voto com consciência. A escolha de um líder político não afeta apenas o panorama social, mas também tem repercussões profundas nos mercados financeiros e na economia como um todo.

Diante de um cenário político tão instável e impactante, é crucial que todos nós, enquanto investidores e cidadãos, sejamos conscientes e bem informados. Por esse motivo agradeço a você leitor que nos acompanha no Jornal Digital @investweb e lê a "Coluna do Jullian". Muito obrigado sua participação e engajamento são fundamentais para que possamos enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o futuro nos reserva. Vamos juntos buscar um futuro mais transparente, eficiente e próspero para nosso país.

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